O policial militar João Dias Ferreira e três pessoas da cúpula do Ministério do Esporte se reuniram, em 2008, para discutir detalhes da prestação de contas da ONG do PM. O encontro não constava da agenda dos funcionários. Ferreira queria mais prazo para apresentar documentação dos serviços que suas ONGs supostamente haviam prestado. Na época, o ministério cobrava do policial a devolução de R$ 3 milhões. Nas acusações que faz contra Orlando Silva, o policial diz que teve duas reuniões no ministério em 2008, uma delas com a presença do ministro. Orlando nega. A segunda teria sido com servidores. Ferreira diz que o segundo encontro ocorreu no andar do gabinete do ministro. Ele diz que gravou a reunião. A confirmação do encontro foi feita pelo Esporte. Participaram: Julio Filgueira, na época secretário de Esporte, seu chefe de gabinete, Fabio Hansen, e Charles dos Santos, então chefe de gabinete do secretário-executivo. Santos disse à Folha que a reunião foi "intimidadora", mas não deu detalhes. "Ele estava muito nervoso. A única coisa que quero dizer é que o recebimento [encontro] foi normal. O que ele pedia era maior prazo, foi dado, queria prazo retroativo, não foi concedido, e a partir daí a reunião se encerrou." A Folha não localizou Filgueira e Hansen. O policial disse que cobrou o cumprimento de suposto acordo feito com o ministro, pelo qual sua ONG não teria problemas de fiscalização. "Esse áudio foi [de] reunião feita no bloco A, na calada da noite. Quando eu fui para reclamar que, mais uma vez, eles fizeram um documento fraudulento. Nesse áudio tem inclusive ele [Filgueira] citando 'pô, levamos bolada nas costas, o pessoal não cumpre nada aqui'", afirmou Ferreira à Folha na segunda. O documento "fraudulento" citado é uma comunicação feita pelo ministério à Corregedoria da PM sobre fraudes detectadas nas ONGs do policial. Em novo ofício, a pasta orientou a PM a "desconsiderar" o primeiro. |