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Política
23/10/2011 - 09:13
Campanha na Argentina expõe fragilidade institucional do país
Folha.com
Ao contrário do Brasil, que tem um tribunal eleitoral independente, na Argentina as eleições são organizadas por uma comissão subordinada ao próprio governo, o que expõe algumas das fragilidades políticas e institucionais do país vizinho.

Como ficou evidente na campanha eleitoral, encerrada ontem, há distorções que favorecem o governo, que usa a máquina pública e desrespeita a lei ao promover propaganda em veículos do Estado fora do prazo previsto.

Nesta semana, quando a lei eleitoral vedava a realização de atos de governo, Cristina Kirchner participou de vários eventos que foram exibidos na TV pública e em emissoras privadas. Favorita, a presidente deve ser reeleita amanhã no primeiro turno.

Na última segunda, na comemoração dos 60 anos da TV argentina, ela participou do evento, mas pouco falou do assunto. "A responsabilidade que nós temos é a de gerar um projeto que contenha os 40 milhões de argentinos", disse.

Na quinta-feira (20), ao inaugurar uma fábrica na Grande Buenos Aires, ela também fez forte discurso eleitoral.

Esses casos de uso da máquina na campanha não são investigados. A Câmara Nacional Eleitoral, subordinada ao Ministério do Interior, diz que não tem setor ou pessoal exclusivos para analisar o caso.

Segundo o órgão, não houve denúncias desses atos.

"Sinceramente, não estamos acompanhando isso muito bem", disse à Folha Agustín Campero, um dos coordenadores de campanha da União Cívica Radical, partido opositor cujo candidato presidencial é Ricardo Alfonsín.

Uma das propagandas mais ostensivas do governo é o "Futebol para Rodos", selo que batiza a transmissão dos jogos do campeonato argentino na TV pública.

Nos intervalos e mesmo durante a partida há inserções com atos do Executivo e imagens que enaltecem a presidente e seu marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, morto no ano passado.

Em 2009, o Congresso aprovou reforma política patrocinada por Cristina que, entre outros pontos, regularizou a propaganda eleitoral.

Metade do tempo é dividida igualmente, enquanto a outra metade é compartilhada de acordo com a votação do último pleito. Neste ano, o partido da presidente teve direito ao maior tempo na TV.
    
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