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Polícia |
30/05/2012 - 12:32 |
Duas testemunhas de acusação são ouvidas sobre morte de vereador |
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Foto: João Garrigó |
CGrandenews |
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A Justiça ouviu nesta terça-feira duas testemunhas de acusação sobre o assassinato de Carlos Antônio Carneiro, que era presidente da Câmara de Vereadores de Alcinópolis quando foi morto a tiros, em Campo Grande. O crime aconteceu no dia 26 de outubro de 2010, na avenida Afonso Pena, bairro Amambaí.
A audiência é a primeira da ação penal que tem como réus os vereadores Eliênio Almeida de Queiroz, Valter Runiz Dias de Souza e Valdeci Lima de Oliveira, apontados como mandantes do crime.
Prefeito em exercício do município que fica a 402 quilômetros da Capital e pai de Carlos Antônio, Alcino Carneiro acompanhou a audiência, que foi marcada por embates entre defesa e acusação.
A delegada de Polícia Civil que presidiu as investigações, Rozeman Geise Rodrigues de Paula foi a primeira testemunha a ser ouvida e foi sabatinada pelos advogados dos acusados.
Antes das perguntas, o advogado Rubens Barbirato, que atua na defesa de Valter e Eliêni, pediu que a delegada não fosse ouvida como testemunha, pois teria amizade intima com a família da vítima.
A informação foi rebatida pelo MPE (Ministério Público Estadual), a delegada negou e o juiz Aluízio Pereira dos Santos entendeu que caberia à defesa provar a situação. Rozeman foi ouvida como testemunha.
Ela relatou que as investigações apontaram que o assassinato de Carlos Antônio teve motivação política e que Eliênio, Valter, Valdeci e o prefeito afastado, Manoel Nunes da Silva foram os mandantes. “Os indícios apontam que houve conluio entre prefeito e vereadores”, disse.
Rozeman declarou que foram investigadas todas as hipóteses para o crime, entre elas vingança e passional, ouvidas dezenas de pessoas em Alcinópolis e em Campo Grande, sigilos telefônicos foram quebrados - entre eles da esposa de Carlos Antônio -, documentos foram analisados e o que foi apurado é que todos os indícios são de motivação política.
“As provas demonstram conluio para a prática do crime. O que ficou demonstrado é que diante do interesse comum, em tese, dos indiciados, é que foi arquitetado o crime”, disse a delegada.
Ela explicou que os indícios não apontam participação de outros adversários políticos de Carlos Antônio, e sim somente dos réus. “Há vereadores que não eram da situação que se quer foram citados”, disse.
A segunda testemunha a ser ouvida foi um senhor que disse ter conversado com Valdeci dois meses antes do crime. Ele já havia contado o teor da conversa à Polícia Civil e nesta terça-feira relatou à Justiça.
Antes do depoimento dele, a defesa de Valdeci pediu que ele fosse ouvido como declarante - que significa não ser compromissado a dizer a verdade - pois a neta dele foi nomeada recentemente para trabalhar na prefeitura e o cunhado presta serviços à administração municipal.
Executores foram presos em flagrante e condenados neste ano. A testemunha disse que isso não o impedia de dizer a verdade e o juiz concordou. O senhor relatou que no dia 22 de agosto de 2010 esteve em Alcinópolis e ao passar em frente à oficina de Valdeci, conversou com ele e este lhe disse que seria vereador.
A testemunha perguntou como e, segundo ela, o Valdeci disse que o prefeito [Manoel] havia lhe garantido que ele assumiria uma cadeira na Câmara Municipal. “Eu perguntei se ele iria matar um vereador, ele deu uma boa risada e disse: eu não, mas, o prefeito garantiu que tem esquema montado e em dois meses vou assumir”.
Com a morte de Carlos Antônio, Valdeci assumiu uma vaga na Câmara. Ele era suplente da vítima.
Também assistiram à audiência os vereadores e réus Eliênio e Valter. Valdeci, conforme o advogado dele, não se sentiu bem e por isso não foi. Os três e ainda Manoel Nunes estão em liberdade.
Os três vereadores foram presos em julho do ano passado, sendo soltos em 12 de agosto. Eles foram denunciados por homicídio com motivo torpe e emboscada.
Próximo passo - Agora, o próximo passo do processo é ouvir as demais testemunhas de acusação e de defesa. Há audiência para Coxim e também cartas precatórias para Goiás e Minas Gerais.
Depois das oitivas, os réus serão interrogados e defesa e acusação tem prazo para apresentação de alegações finais. Após isso, o juiz decide se manda os acusados a júri popular.
O prefeito - Manoel Nunes da Silva responde a processo pelo crime no Tribunal de Justiça por ter foro privilegiado. Recentemente, o TJ autorizou Manoel a voltar a Alcinópolis e receber salário de prefeito, mas, sem o trabalho.
Executores - Em julgamento realizado em fevereiro deste ano, Ireneu Maciel, réu confesso pela execução foi condenado a 19 anos de prisão, enquanto Valdemir Vansan, acusado de ser contratante do assassinato, recebeu pena de 18 anos. |
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